Wednesday, May 23, 2018

NEURA COM RAIMUNDO CARRERO II E TÉDIO ENORME


Hoje se afigura como um dia como outro qualquer, o que é ótimo. Deu uma endoidada na conexão entre o som e o computador, fica conectando e desconectando. É um efeito interessante, ouvir a música saindo da minha frente e das minhas costas, mas acho que isso pode acabar quebrando um dos dois aparelhos. Vou reiniciar o computador para ver se a coisa se ajeita. Um momento. 15h25.

15h35. Acho que agora o som e o computador se entenderam. Meu post novo está com incríveis 20 visualizações com menos de meia-hora de publicação, não sei a que se deve tal fenômeno, mas muito me agrada. Quem sabe não chegue a 40 visualizações? Seria ótimo. Vai ver que o hábito faz o monge. Ou a foto do bolo de alguma forma atraiu os leitores. Sabe-se lá, qual a razão.

15h38. A tosa vai ficar para amanhã. Mamãe não deixou dinheiro porque talvez não tenha. E certamente porque não se lembrou. Eu curto meu visual Urtigão, mas acho que dá impressão de desleixo para os demais seres humanos. E eu não gosto de transmitir essa imagem, pois é uma imagem que me incomoda ver nos demais. Amanhã eu toso, caso mamãe saque dinheiro hoje, o que pode significar ida ao supermercado e a logística de transporte que isso ocasiona para mim. O que será, será. Mas não queria ir ao Bompreço colocar as compras no carro, depois tirá-las aqui etc. Queria não ser perturbado na minha escrita aqui no meu quarto-ilha. Não que tenha muito a dizer. Quando penso em nada a dizer me dá um branco em relação ao que tratar que me incomoda. E me dá a deixa para colocar mais um copo de Coca com muito gelo.

15h50. Aparentemente estou sozinho em casa. Isso nesse momento não me agrada nem me desagrada. É uma ocasião que não me desperta grandes emoções. Liguei o ar. O que se passa na minha cabeça? Na verdade, não muito, uma leve decepção de minha atitude temerária de ontem não ter surtido o efeito desejado. Talvez haja um novo caminho. Mas esse é mais pedregoso, pois dependo de alguém que não estará disposto a me ajudar, pelo que conheço da figura. Ainda estou engrenando na escrita, ela não me flui com a facilidade e espontaneidade que tanto me agradam. Nem todo dia é dia santo. Mas vamos seguindo. Antes encher mais uma vez o refil de Coca e acho que fumar um cigarro.

16h05. A tarde está dourada e bela. É uma luz que não se vê nos demais países que visitei. Também fui no outono e no inverno, não haveria como ter essa luz, mas creio que a luz lá, mesmo no verão, como descobrirei na próxima viagem, a se dar no final de junho, não é igual a nossa. O meu amigo cineasta compartilha da mesma opinião. Até pelas fotos que vejo dos meus irmãos, do verão de lá, a luz é mais fria, mais branca e menos dourada. A decepção com a atitude de ontem aumenta. Mas é a vida, nem tudo dá certo. Pelo menos tenho uma tarde dourada de sol no meu quarto-ilha para escrever. Troquei U2 por Björk hoje. Disco que me traz recordações da viagem que fiz para visitar o meu irmão. São memórias agradáveis e aconchegantes. E acho o som desse disco fantástico. Não sei o que dizer, que saco. Não aconteceu nada de relevante de ontem para hoje que não tenha sido narrado no post anterior. A não ser que surja assunto relevante este post só vai ser divulgado no meu grupo de cinco participantes. Aparentemente meu padrasto retornou. Não me canso de admirar o busto do Hulk. Ele funciona muito mais de dia que à noite. À noite ele perde o contraste dos tons de verde. Tentarei a outra via quando a oportunidade se der. Eis outro sonho secundário que intento realizar. Não está nas minhas prioridades, mas é um desejo antigo, dos tempos de colégio ainda. Veremos. Deixei o utorrent ligado, mesmo que não esteja baixando nada para mim, nada me custa dar uma força aos demais usuários. Não sinto disposição para ver filmes, poderia perguntar o site de onde meu amigo jurista obtém o que quer ver, mas, sinceramente, sei que vou baixar e não vou assistir, então não tem para que me dar ao trabalho. Hoje as palavras me estão arredias. Não tenho a mínima ideia do que dizer. Estava pensando no Zelda Breath Of The Wild e em como achei o jogo chato. Mas isso não dá texto também, o que tinha a comentar sobre o jogo foi enunciado na fase anterior. Não sinto inclinação para games tampouco. Eu quero escrever, mas não tenho nada o que dizer, não que caiba aqui. Talvez a solução seja essa, ir para um lugar outro que me caiba mais. Nalgum dos meus projetos paralelos, mas me encontro sem conteúdo útil para estes também. Então permanecerei aqui.

16h28. Estou impressionado com a quantidade de acessos do meu post anterior, 25 já. Só pode ser a foto do bolo.

16h31. Meu tio disse que me mandou um e-mail. Mas esse ainda não chegou para mim.

17h04. Era alteração num plano de fundo do Facebook. Nada de muito excitante.

17h14. A minha conhecida da Livrinho de Papel Finíssimo finalmente me respondeu, disse para eu mandar o material para o e-mail da editora, disse-lhe que quando a revisão ficar pronta envio. Entretanto, só o farei se não houver a via do meu tio e se, e somente se, Seu Raimundo der seu aval. Não vou me publicar por que quero ter um livro, é muito pouco para validar a obra para mim. Seu Raimundo dando o seu aval, eu, esgotadas todas as possibilidades de edição, parto para uma produção própria. Mas a cada dia que passa desacredito mais que o bom velhinho vá me responder. Embora a esperança subsista. Baseada em quê, eu não sei. E ainda há a esperança de o meu tio botar lá para a editora avaliar a obra. Mas essas duas respostas, só terei quando a revisão definitiva ficar pronta. Quando o livro estiver pronto em conteúdo, pelo menos. Antes disso ainda, quando a primeira revisão ficar pronta, já contatarei Seu Raimundo perguntando acerca da obra. Se ele milagrosamente não me contatar antes.

17h30. Vi uma foto de uma criança feliz sorrindo e logo abaixo uma cena de violência extrema contra uma criança de três anos se muito, uma cena deveras chocante, quase inacreditável. Não sei como não matou pequenina menina. Chegou a pegar uma faca com tal intento, mas quem assistia e filmava a cena interveio pelo menos nessa hora. Grotesco. A humanidade pode ser surpreendentemente irracional. O que se passa na cabeça dessa agressora numa hora dessas é uma incógnita para mim. Ou o que a criança fez para merecer violência tão extrema. Não há nada que possa ter feito que merecesse isso, afinal nenhuma criança merece tal coisa. Apesar dessas aberrações, sou otimista em relação à humanidade. “You may say I’m a dreamer...” pegar Coca. Estou com leve fome.

17h47. A Coca me roubou a fome. Tanto melhor. Hoje estou realmente sem nada para dizer. Estou com vontade de fumar outro cigarro. O tédio me ronda, me espreita, prestes a me atacar. Como me desvencilhar dele sem palavras? Eu não sei. O tédio é um sentimento que me incomoda profundamente. É a inércia completa é a vida vivida só porque o coração bate e isso me desagrada. O tédio era o que menos queria. O que mais queria, além do fim do tédio? Obviamente uma resposta positiva de Seu Raimundo. Não vou revolver novamente sobre Raimundo Carrero, ele provavelmente não vai me responder. Tenho que me conscientizar disso. Mas é difícil, a esperança vai até o game over. E quando seria este game over? Quando eu mandar o próximo e-mail para ele e o bom velhinho não me responder. Às vezes se abate uma forte descrença em todo esse movimento. Que não vou ter nada do que espero. Ou seja, nem resposta de Raimundo Carrero, nem ajuda do meu tio, nem publicação do livro. Isso é apenas um enorme esforço emocional desperdiçado. Uma série de grandes ansiedades sentidas em vão. De expectativas goradas. Nessas horas me sinto uma piada de mal gosto. Sonhador do impossível. É ruim tais momentos de clareza. Não sei se clareza ou de dureza excessiva comigo mesmo. Mas me parece mais que estou sendo realista. Entretanto, esperarei a incrível revisora me entregar a primeira parte da revisão, para me desiludir logo com Raimundo Carrero. A ansiedade está tomando o lugar do tédio e não sei qual dos dois é pior. Quero apenas estar em paz com as minhas palavras. Deixar esse livro de lado que não vai dar em nada além do meu ideal inicial de tê-lo revisado. Não passará disso. É preciso matar todas as esperanças. O que diria a Raimundo Carrero no e-mail que selará a minha esperança em relação ao bom velhinho? Bom, vamos ver o que sai.

Olá, Seu Raimundo, ou Carrero, como preferir, acredito que o senhor já tenha tido tempo suficiente para formar uma opinião acerca da minha obra, mesmo que não tenha terminado a leitura, e acredito que o senhor seja um homem de palavra, não apenas escrita, mas dita, vivida. Então aguardo resposta se é ou não uma obra digna de ser publicada. Nada me faria melhor que a sua mais pura sinceridade. Sei que o conteúdo é por vezes polêmico, mas usei do mesmo expediente, a sinceridade. Sei que poderei sofrer preconceito, mas é a minha verdade e ela tem que prevalecer.

Grande abraço,

Mário Barros.

18h16. Uma vez posta em palavras a carta, me bate uma vontade quase incontrolável de enviá-la. É só copiar, colar e enviar. A vontade se debate dentro de mim, para se manifestar, mas preciso me controlar, é um embate difícil entre a ansiedade de uma resposta (ou resposta nenhuma) e manter o plano de só enviar tal mensagem quando receber o texto da primeira revisão da incrível revisora. A vontade que tenho é de mandar esse e-mail para ela e descobrir qual a sua opinião.

18h26. Dei uma olhada pela internet e isso me arrefeceu os ânimos. A vida é uma grande brincadeira. É o pensamento que me vem. Uma brincadeira em que nos damos importância demais, importância essa que realmente não temos. Somos iguais ao outro. Eu sou igual ao outro, não difiro em nada e se o faço é para pior. Esse livro é uma brincadeira, um passatempo que arrumei para mim. Ninguém o verá com seriedade. Bem, não sei, pois ao passo que anda não vai chegar aos olhos de ninguém. Apenas eu e a incrível revisora saberemos de seu conteúdo. Fumar um cigarro que é o melhor que eu faço.

18h41. Voltei achando ainda a história toda do livro de um absurdo sem tamanho. Não sei se isso é o meu superego me intimidando ou um senso de realidade, bem, realista. Se for para levar na brincadeira, posso enviar o e-mail para Carrero já hoje. Já agora. Sem pedir conselho a ninguém. Mas não vou fazer isso, por enquanto. Posso mudar de opinião no próximo instante. Aposto que ele nem leu o que enviei. É um dos meus dois maiores sonhos, mas agora me parece ridículo. Eu publicar um livro. Eu ter o aval de Raimundo Carrero. Tudo me soa ridículo e irreal. Um delírio da minha cabeça. Anotações feitas sem o menor traço de estilo, redundantes, cansativas, paranoicas no mais das vezes, que valia tal conteúdo tem? Eu estou mesmo a construir castelos de ar. Me sinto completamente descrente agora. Não gosto de me sentir assim. Mas é como me sinto, descrente e ridículo por ter acreditado nessa baboseira.

18h57. Mandei o e-mail para a incrível revisora por WhatsApp pedindo que ela me dissuada da ideia de enviá-lo. Se tudo não passa de uma brincadeira, por que não posso brincar? Se Seu Raimundo não me levou a sério, se não leu linha sequer. Preciso saber. Necessito de uma resposta. Só Deus, se existisse, saberia o quanto preciso dessa resposta. Preciso saber se leu, se não vai ler, se achou uma porcaria, se é válido, se alguma coisa, alguma manifestação do digníssimo senhor. Agora eu fico na ansiedade da resposta da minha amiga revisora. Troquei seis por meia dúzia. Hahaha. Que droga, viu? Odeio depender dos outros para coisas minhas. Mas a minha insegurança me faz dependente. Não vou botar mais um livro no mundo sem algum tipo de validação de sua qualidade como tal.

19h12. Olhei mais um pouco a internet e novamente isso arrefeceu o meu ânimo. Que situação mais chata.

19h19. Procurando na internet, vi que o bom velhinho é ocupado mesmo. Não deve nem ter se dado ao trabalho de ler. Ozzy não saber. Muito ozzy. Vamos ver o que a minha amiga revisora me responderá. A fome volta a se apoderar de mim. Depois que todos jantarem, eu janto. Charque frita com arroz. Não me interessa a farinha agora. Eu estou com mil pensamentos na cabeça, uns se batendo nos outros.

19h28. Vi que Seu Raimundo foi homenageado de um evento no RioMar. Esse homem é importante mesmo e mais importante o é para mim, pois dele depende a validade ou não do maior projeto da minha vida. Isso tudo me parece outra vez ridículo. Sei não, não sei de mais nada no momento, estou numa fase de confusão mental.

19h37. A incrível revisora, conseguiu me demover da ideia uma vez mais. Parabéns para ela. Ela disse que eu não devo enviar nada, só esperar a resposta. Se vier veio, se não vier... eu vou ficar muito puto com Seu Raimundo Carrero! Hahaha. É sério, fazendo papel de palhaço aqui e o velhote nem sequer leu o que mandei. Mas ele não é prestador de serviço e eu não sou seu cliente, então não posso cobrar nada dele. O que é uma visão muito clara para mim agora, o que ficou subentendido da posição da minha amiga. E ela tem razão. É um ato de enorme generosidade dele ler a minha obra. Se estiver lendo. Se lerá. Essa dúvida é que me apoquenta. Deixa para lá. Se ele der resposta deu, se não der, não foi por aí o caminho. Só me restará enviar para as editoras, mas confesso-me meio desanimado para isso no atual momento.

19h59. Como a minha amiga revisora disse é pagar para ver, não há mais nada que eu possa fazer. Não tivera eu mandado o e-mail ansioso que mandei, ficaria mais tranquilo e mais confiante, mas tal e-mail pode ter posto tudo a perder. Que seja. Minha mãe disse que não contasse mais com isso, que ele não responderia. E que ele nem era esse balaio todo. Que eu relaxasse quanto a isso. Que existem outras vias.

20h10. Eu agora dei uma relaxada legal nessa história do escritor. Vi um pouco de internet saí dessa paranoia. Está entregue. Não há, segundo a minha amiga revisora, mais nada que eu possa fazer. Segundo minha mãe é tirar essa ideia da cabeça. Ouvi o apito mais tenebroso do mundo agora, parece um grito animalesco de gente. Curioso. O apito chama-se Ehecachichtli, para os interessados.

20h20. Minha mãe vai fazer um sanduba para mim, ótima notícia. Não será suficiente para aplacar a minha fome, mas já dará um grau. Pensar que não tenho o que dizer só me faz ficar mais bloqueado. Interessante isso. O pensamento tem poderes ainda incompreendidos, acho eu. Estou sem saco para escrever hoje. Quase pegando o Switch para jogar um pouco de Mario Odyssey, mas é só pensar que um sentimento de repulsa me toma. Hoje é um dia como outro qualquer não fora essa crise de tédio que me aflige. E descobri agora, prefiro o tédio à ansiedade. Ansiedade é mais agressiva ao espírito. Ao meu, pelo menos. Se nada mais restar posso ver as pegadinhas de João Kleber. Esse definitivamente é um post que não merece ser divulgado. Estou... como estou?

20h51. Como estou? Não estou nos meus melhores dias. Estou entediado e desesperançoso a respeito do livro e de tudo o mais. Estou também de barriga razoavelmente cheia, comi dois sanduíches de pão com ovo e presunto que mamãe fez. Estou com uma leve esperança de que se for para algum dos meus projetos paralelos as coisas melhorem, mas não irei agora. Por quê? Porque não quero. Eu nem sei o que quero. Gostaria que me afluíssem palavras, mas essas estão especialmente escassas hoje.

21h16. Dei uma passada por um projeto paralelo, mas hoje estou sem inspiração mesmo. Que saco. Quase botando um filme para assistir.

21h24. O que eu quero? Que este dia acabe. O pior é que o de amanhã não vai ser muito diferente deste. Só sei que se algo der errado eu não enviarei. E mesmo se tudo der certo não sei se enviarei. Nossa, como queria que tudo desse certo. Mas não mereço tanto, eu que já tenho demais da conta. Como as palavras me vêm difíceis e poucas hoje. Vou ligar o ar. Afora os meus dois sonhos, não há nada mais que eu necessite na vida. Existe, que o morrer não me seja um processo doloroso. Mas não trabalho para isso. E de nada adiantaria. Visto que o tanto que trabalho para a consecução dos meus sonhos se mostrará igualmente infrutífero. Inútil. O esforço e quem o faz. Ambos inúteis. Eu, peso morto em vida. Acho que vou mudar para U2. Estou sem disposição até para isso. Hoje estou deprê. Imagino a causa. Ou o conjunto delas.

21h38. Como pôde a eloquência sempre tão peculiar a estas páginas ter se escondido dessa forma? Definitivamente um post que não vai ser divulgado. Botei U2. Não quero virar diabético. Um exame que mamãe viu me revelou a um passo disso.

22h02. À medida que paramos de crescer e começamos a morrer parece que ano pesa ao nosso corpo e a carga do ano seguinte é ainda maior que a do anterior, especialmente no final da vida. Ou assim se dá com a minha mãe. É o que percebo. É incrível como botam vovó no papel de mentalmente debilitada, deveriam a tratar como uma pessoa normal. E antes, como mãe. Não sei o que estou falando. Nada sei da velhice ainda, não vou me colocar no papel de velho de já ter uma carga que me incomode. E não tivesse o bucho acho que tudo melhoraria, mas não posso comprová-lo porque não consigo fazê-lo. Está me sendo tedioso escrever hoje, que coisa chata. Vou mudar de assunto para ver se o ânimo melhora. Lembrei das pegadinhas de João Kleber.

23h30. Eureka! Descobri a razão do meu tédio e da falta de palavras, café! Eu hoje só tomei duas xícaras de café, não foi o suficiente. Estou acostumado a tomar mais. Só pode ter sido isso. Amanhã a fantástica faxineira vai estar aqui e terei café à vontade, amanhã o tédio não me assolará, tenho muita convicção.

0h31. Mandei há alguns minutos uma mensagem para a minha tia-mãe porque me bateu a saudade. Ela aparentemente ficou feliz com a lembrança. Me senti bem e feliz, principalmente por ter sido sincero. De repente pinto lá no sábado à tarde. Mas aí mamãe vai encrespar porque eu não vou visitar vovó com ela. Outra coisa eu que deveria considerar fazer com mais frequência. Ela esteve aqui hoje e estava dormindo. Acho que vou comer sorvete. A fome está me atacando, mas não a ponto de comer charque gelada com macarrão de arroz idem. É só esquentar no micro-ondas. Bem pensado. Não sei. Quando chegar à cozinha, eu vejo.

0h53. Comi charque com macarrão de arroz esquentados no micro-ondas. Talvez arremate com um sorvete e o meu último cigarro da noite. O que as minhas duas amigas psicólogas vão pensar quando revelar-lhes de antemão um dos grandes detalhes do livro? Se esse livro se materializar mesmo. O vi bem sólido e agora cada vez mais vejo-o perdendo substância, materialidade seus vínculos com a realidade. E eu ainda achava que tinha escrito uma coisa boa. Essa ilusão foi a primeira que sumiu. Minha segurança em relação ao livro. Outorguei tal validação a outrem que não sei se me responderá ou não. Foi o mais prudente a se fazer? Na minha cabeça foi. E foi um golpe de sorte, pensar num cara que tem e-mail pela internet facilmente acessível. E mais ainda uma lenda da literatura pernambucana que disse que leria com prazer. Eu ainda não acredito que mandei aquele e-mail ansioso para ele. E outro botando panos quentes. E ainda aumentando o número de pessoas que iriam se decepcionar se ele não me respondesse. Hahaha. Acho que depois disso ele desistiu. Ou não. Vou lá saber. Quatro cigarros para amanhã. Vou fumar o saideiro agora. 1h04.

1h12. “De noite você sonha com a vida que você quase tem, meu bem, quase já é muito bom”. Mas não queria quase ter um livro que é o que de fato terei até o momento. Nem quase uma namorada que nem quase tenho. É fogo, só venho retomar o gosto pelas palavras ou elas por mim agora de madrugada. Seguirei escrevendo até que força maior se alevante. Que seriam ou mamãe ou o sono. Acho difícil mamãe se levantar por causa do joelho, mas não dou certeza disso. Sei que estou no meu último copo de Coca, prestes a entrar no guaraná. Dou meu prazo máximo quando acabar o guaraná, mas acho que vou antes. Acho que só beberei esse copo de Coca mesmo, que já está no final, por sinal. Não posso mandar uma mensagem para mamãe, pois ela saberá que estou acordado até essa hora. Estou com um prurido no couro cabeludo. Nome engraçado esse, “couro cabeludo”, nunca tinha me dado conta, me lembra a arrancar o escalpo, o que não é um vínculo imagético nada agradável. Hoje desabafei no Vate. Foi bom, estava precisando dar vazão a percepções e sentimentos que não encontram espaço aqui. Quem sabe um dia em que for um velho desbocado não conte tudo aqui? Ainda mexi o mais brevemente possível, o que é necessário, no meu outro projeto paralelo. Acho que só voltarei a ele quando acontecer algo de muito relevante em relação ao livro ou a qualquer coisa da minha vida. A depender das coisas, elas poderão muito bem aparecer aqui também. Ai, ai, projetos, projetos, tanta coisa fora de lugar. Mas é assim que a vida me quis colocar, aceito de bom grado. Aceito de bom grado que o ícone da bateria novamente apareceu na barra de tarefas. Ótima notícia. Para mim pequenos eventos, como esse, tomam dimensões maiores pela falta de variedade no meu cotidiano. Mas o ícone da bateria é fundamental para mim, me sinalizou agora que eu tinha esquecido a bateria conectada ao computador, o que diminui sua vida útil. Para mim, é sempre bom tê-lo à vista. Entrei na sétima página de Word, a página final. Será que teria considerações finais a fazer? Bem, o post ou eu, só veio ficar mais interessante agora no final da noite, quando me senti mais leve, sem ansiedade e mais em paz comigo. Aí as coisas começaram a fluir. É uma pena que não seja muito do conteúdo do post que esteja nesse estado de ânimo superior. Mas é a vida, cheia de altos e baixos. Tento levar a minha no nível mais plano possível, mas você sabe como são as estradas brasileiras. Hahaha. Não gosto de oscilar nem para cima demais nem para baixo demais. Prefiro me sentir bem cotidianamente do que viver numa montanha-russa emocional. Acho que o sonho está batendo, que pena. Vamos ver se consigo levar este texto até o final da página. Desgosto e gosto de ter o Desabafos do Vate. Queria não ter pudores e me revelar inteiro aqui. Mas é, em uma palavra, burrice fazer isso. Já me revelo demais aqui, não precisa ser uma nudez completa, tenho os meus pudores também. E para lidar com o meu lado despudorado, há o Vate. Acho que vou pegar um copo de guaraná para acabar essa página. E comer um sorvete de chocolate com Ovomaltine. 1h40.

1h49. Vontade de fumar mais um cigarro, mas aí não dá mais, quatro já é muito pouco para amanhã. Cinco eu ainda fumava um, como fumei, mas quatro, para ficar com três, nem a pau. A não ser que mamãe me dê o cigarro mais cedo. Vou fumar e vou dormir. Senão acabo sem cigarros para amanhã.

2h01. Só três cigarros, amanhã pagarei pela minha ousadia. Se valeu a pena? Amanhã saberei. Até agora valeu a pena demais. Saboreei todos e cada um deles. Cigarro quando se está com vontade é bom demais. Nossa, isso me remeteu à viagem, ainda não estou preparado para ela. Nem sei se em algum momento estarei. Não gosto de me deslocar, sair da minha zona de conforto. E da zona de desconforto que é um avião. Chegando lá, tudo é mais tranquilo, espero. Vou me deitar. Inté. Obrigado por me acompanhar até aqui.

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